Comissão discute atendimento adequado para mulheres na menopausa
- Andre Nascimento
- 6 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Comissão discute atendimento adequado para mulheres na menopausa
Atualmente cerca de 35 milhões de brasileiras estão entre o climatério e a menopausa. Mesmo representando um terço da população, essas mulheres não têm acesso a informação sobre essa fase da vida e apenas a metade faz algum tipo de tratamento.

Para além do desconforto causado pelos sintomas como ondas de calor, depressão, irritabilidade, insônia e perda da libido, a redução na produção de hormônios deixa as mulheres mais expostas a problemas cardíacos, diabetes e osteoporose.
Para melhorar a qualidade de vida durante essa fase, as mulheres têm que ter acesso a informação e a um tratamento adequado já na atenção primária à saúde. Isso é o que prevê o projeto (PL 5602/19) que está sendo analisado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados.
A relatora da proposta na comissão, deputada Lêda Borges (PSDB-GO), sugeriu a realização de uma audiência pública com representantes do governo, dos médicos e da sociedade civil. O texto prevê a criação de programa de atenção às mulheres na menopausa e no climatério.
“É necessário debater a promoção da saúde da mulher para esse ciclo da vida, buscando criar políticas públicas efetivas que melhorem a qualidade de vida dessas mulheres”.
A representante do Ministério da Saúde, Débora Siqueira, afirmou que com o envelhecimento da população, o ministério está desenvolvendo um eixo de atuação para o climatério e a menopausa, inclusive com o estudo para introdução de novos medicamentos e de tratamentos alternativos, no caso de contraindicação para a terapia de reposição hormonal.
“O Ministério da Saúde trabalha em parceria com algumas instituições para avaliação e condução de pesquisas clínicas com avaliação de segurança e eficácia de hormônios. Com relação às práticas integrativas e complementares também estamos trabalhando em especial com a fitoterapia, atualmente pela Rename e pelo SUS o que nós temos de oferta é a isoflavona, mas podemos trabalhar também pensando em inclusão de novos medicamentos fitoterápicos. Para além das ações em fitoterapia a PICS também faz outras ofertas como acupuntura e outros tipos de acompanhamento que podem ajudar durante o período do climatério”.
A endocrinologista especializada em climatério, Ana Priscila Soggia, destacou que 80% das mulheres têm os sintomas do climatério, mas apensa 15% delas fazem tratamento. Ela lembrou que a falta de hormônios característica dessa fase dobra os riscos de infarto e AVC.
“As mulheres que fazem reposição hormonal têm uma redução de risco. Então tem uma redução de risco de AVC, tem uma redução de risco de mortalidade geral, de câncer de intestino, de fraturas ósseas, chegando a uma diminuição de 26% de redução de risco de diabetes”.
A fundadora da Associação Menopausa Feliz, Adriana Ferreira, afirmou que as iniciativas para as mulheres nessa fase da vida não saíram do papel, o que leva a muitos diagnósticos e tratamentos inadequados pela falta de informação também por parte dos médicos.
“Em 2008 o Ministério da Saúde junto com seu corpo técnico eles criaram o Manual da Atenção à Saúde do Climatério, uma série de diretrizes que foram criadas por mulheres, movimentos sociais que participaram dessa construção muito bem desenhada à época. Infelizmente hoje ele já está ultrapassado, mas por que ele está ultrapassado? Não é por falta de competência do Ministério é porque a ciência está evoluindo muito rápido”.
Adriana Ferreira destacou que 18 estados discutem atualmente políticas públicas de atenção às mulheres no climatério e na menopausa. Ela sugeriu a adoção de um dia nacional de conscientização sobre a menopausa para informar e acabar com o tabu que envolve essa fase da vida.
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